segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Chapter seventy eight


Ágatha: tua amiga Bruna gosta de atenção né - eu revirei os olhos e ri enquanto ela mexia no celular
Eduarda: eu nem esquento a cabeça, uma hora ela para - ela começou a rir - o que foi, doida?
Ágatha: a cara dela nem treme - continuou rindo - ela disse que curtiu o comentário sem querer e que já descurtiu - gargalhou e eu ri negando
Eduarda: maturidade tá em falta - rimos
Ágatha: faz as coisas e não aguenta as consequências, odeio gente assim
Eduarda: vamos mudar de assunto? que tal a gente se trocar pra ir pra casa vizinha? - ri
Ágatha: não me deixa nem fofocar - levantou do sofá e eu ri
Eduarda: se controla querida - levantei também e rimos - vamos - subimos pro quarto e fomos nós trocar.
[...]
Toquei a campainha da casa dos meus pais e o Cadu que abriu

Cadu: tem pão duro não
Eduarda: ótimo, eu não quero pão, viemos atrás de comida - ele riu e deu um beijo na minha testa
Cadu: trouxa - rimos e ele deu um beijo na Ágatha também - vocês estão bem? - fechou a porta e fomos entrando
Eduarda: tirando um pouquinho de dor que eu ando sentindo, sim e você?
Ágatha: eu também estou bem
Cadu: eu tô bem também - passou o braço pelo meu ombro - já tomou alguma coisa pra passar essa dor? - passou a mão na minha barriga
Eduarda: não, tô evitando de ficar tomando remédio - entramos na cozinha - oi família - meu pai estava sentado no balcão tomando cerveja e minha mãe cozinhando
Otávio: oi filha, oi a gata - fez graça com a Ágatha e eu ri enquanto dava um abraço nele - tá bem? - me deu um beijo na bochecha e eu assenti enquanto ele acarinhava minha barriga
Ágatha: oi senhor Otávio - brincou também e eles riram enquanto se cumprimentavam e eu fui falar com a minha mãe
Ester: como você tá? - me abraçou do jeito que deu e eu dei um beijo na bochecha dela
Eduarda: tirando aquela dor chata de novo, tô bem e você? - falei baixo porque o meu pai é bem “chato” com essa coisa de eu sentir dor
Ester: eu to bem, já fez massagem? - perguntou me olhando
Eduarda: a Ágatha ia fazer, mas a gente veio pra cá
Ester: depois do almoço eu faço com aquele aparelhinho meu - eu assenti - e meu bebê, como tá? - passou a mão na minha barriga
Eduarda: tô bem - segurei o riso porque sabia que ela se referia ao Henry
Ester: besta - rimos
Eduarda: ele tá bem - sorri
Ágatha: oi tia - chegou abraçando minha mãe
Eduarda: nossa senhora hein querida - ela riu e deu um beijo na bochecha da minha mãe. Ficamos ali conversando, falando sobre diversas coisas mas principalmente sobre o nascimento do Henry. O Cadu, assim como meu pai, estão super ansiosos. Não que eu não esteja, mas eles realmente estão MUITO!
Almoçamos num clima super legal e depois da minha mãe ajeitar a cozinha com a ajuda da Ágatha, nós subimos pra fazer a massagem. Estava super relaxada na cama da minha mãe e bateram na porta

Ester: entra! - a porta abriu devagar e a Bianca apareceu ali
Eduarda: ué - ri e ela deu um beijo na minha mãe
Bianca: eu falo que vou na tua casa e você não me avisa que tá aqui - ela me deu um beijo também e passou a mão na minha barriga
Eduarda: desculpa amiga, é que eu estava com dor nas costas e mamãe veio fazer massagem
Bianca: só desculpo por isso
Eduarda: Ágatha te viu?
Bianca: viu, mas tá falando com o Gu no FaceTime lá - eu ri.
O resto do dia com as meninas foi na minha casa e como ambas estariam de folga amanhã, elas acabaram dormindo comigo.


Santos, 28 de outubro de 2018 (domingo)

Ontem acabei dormindo na casa dos meus pais porque como eu já disse, é impossível eu ficar sozinha em casa, principalmente agora na reta final da gravidez, então como minha mãe está de folga hoje, fiquei aqui com ela.
Depois do café da manhã eu fui pra sala e me encostei no sofá porque estava sentindo um desconforto considerável. Peguei meu celular e vi que tinha mensagem do Junior a quase uma hora atrás

Amor, bom dia
Tô embarcando agora pra Marseille

Te amo 🖤
Boa tarde pra você meu bem
Gato! 😍
Que saudade 😔
Avisa quando chegar
Te amo muito 🖤
Chegue quase agora Du
Foi tudo bem
E também tô morrendo de saudades
Como vcs estão?
Que bom amor
Estamos bem, na medida do possível
Tô com um desconforto quase que insuportável, mas ok
E você?
Amor, qualquer coisa fala com a Patrícia, vê se é normal isso
Eu falo com ela todos os dias Ju, é normal e você sabe que tem sido constante
Isso me preocupa, queria estar perto de vcs
Não pensa nisso, vai dar tudo certo
Se você achar que ele vai nascer, me avisa que eu dou um jeito de ir pro Brasil
Óbvio que eu vou te avisar amor, fica tranquilo
Falei com ele por mais alguns minutos e nos despedimos quando ele foi se preparar pro jogo
Ester: filha, não quer ir lá pra fora tomar um solzinho não? - perguntou enquanto vinha da cozinha
Eduarda: ai mãe, não vou não, esse desconforto tá muito ruim - encostei a cabeça no sofá e ela me olhou preocupada
Ester: tá sentindo contração?
Eduarda: não, mas tá doendo
Ester: não é bom falar com a Patricia?
Eduarda: mãe, eu tenho tido essas dores, já falei com ela e é normal
Ester: se você sentir uma dor diferente me avisa pra gente ter tempo de ir pra capital - eu assenti - deita um pouco na cama - deu um beijo na minha testa
Eduarda: não, aqui tá bom - sorri de canto - pega meu notebook pra mim por favor - apontei pra ele na mesinha de centro e ela colocou o mesmo no meu colo - obrigada - mandei um beijo pra ela - se quiser ir pra piscina pode ir
Ester: vou só tomar um sol, mas qualquer coisa você me chama - eu assenti e ela subiu pro quarto. Liguei o notebook e fui vendo uns documentos referentes ao projeto meu e das meninas sobre dar apoio às mulheres vítimas de agressão física, verbal e sexual. Esse é um projeto que já havia passado pela minha cabeça, mas que eu não tinha tido o impulso pra tirar do papel, mas me juntando com as meninas ficou muito mais fácil e eu fiquei super feliz com o apoio delas, inclusive o da minha mãe, que vai ser uma das juízas que complementam o grupo.
Passou acho que umas duas horas, eu estava super entretida ali e do nada senti uma pontada nas costas

Eduarda: caramba - fechei os olhos e respirei fundo
Ester; o que foi Duda? - veio lá de fora com a toalha enrolada no corpo
Eduarda: uma pontada aqui nas costas, ui - a dor veio pra barriga e eu coloquei a mão na mesma
Ester: Eduarda, não me assusta - eu olhei as horas pra contar o tempo até ter outra dessa, já que tem sido constante nos últimos dias
Eduarda: já passou - disse me recuperando e soltei o ar
Ester: vou até tomar um banho antes de preparar o almoço porque tô sentindo que é hoje
Eduarda: longe do pai dele? nem pensar! - ela foi saindo sem nem se importar com o que eu disse e subiu a escada. Como não tive outro desconforto nesse tempo, aproveitei pra ver como estava o jogo do Ju na internet e o PSG estava ganhando com gol dele, ainda estava no primeiro tempo. Liguei a tv pra me distrair um pouco e fiquei assistindo qualquer coisa - puta merda - fechei os olhos e apertei o braço do sofá quando senti aquela dor outra vez, olhei no relógio e tinha se passado exatamente meia hora desde a primeira
Ester: de novo? - eu abri os olhos, a encarei quando a dor passou e assenti - vai se preparar enquanto eu preparo algo pra nós comermos e a gente já vai pra capital - eu a olhei
Eduarda: pra que?
Ester: eu tenho dois filhos, Eduarda, sei do que eu falo - eu revirei os olhos - a gente reserva um hotel pra ficar lá porque é mais fácil de chegar ao hospital a tempo - fiquei a olhando - vai Eduarda!
Eduarda: quero ver se a gente perder viagem - me levantei do sofá com uma certa dificuldade - tem que ir lá em casa pegar nossas coisas
Ester: a mala dele está pronta? - eu assenti - a sua também?
Eduarda: sim mãe
Ester: tá, então vai tomar um banho que eu vou lá pegar - pegou minha chave no aparador - já venho pra gente comer - eu assenti e fui subindo a escada devagar. Será que meu filho vai vir hoje mesmo? não quero preocupar o Junior sem ter pelo menos um pouco de certeza de que isso vai acontecer. Entrei no meu quarto e fui direto pro banheiro. Tomei um banho bem quente porque a dor nas costas estava dando as caras e a água quente ajudava a amenizar
Eduarda: você vai vir hoje filho? - disse passando as mãos na barriga e ele deu alguns chutes formando aqueles calombos, eu ri - lembra que teu pai não está por perto - terminei meu banho, que foi relativamente demorado e sai do banheiro enrolada na toalha. Me vesti do jeito que deu, só sutiã e um vestido, calcinha nunca nem vi porque não consigo colocar. Passei só uma base no rosto, um rímel e peguei minha bolsa com meus documentos. Antes de sair do quarto ainda peguei meu carregador e desci. Vi as malas ali no sofá e fui pra cozinha depois de deixar minha bolsa ali também
Ester: teve outra contração? - me olhou enquanto colocava um lanche no prato em cima do balcão
Eduarda: ainda não - me sentei - é meu? - ela assentiu e eu comecei a comer. Preparou um pra ela também e eu senti aquela maldita dor de novo - que inferno! - disse entre os dentes e já comecei a pensar na possibilidade de concordar com a minha mãe
Ester: vai marcando o tempo hein - eu assenti e soltei o ar mais uma vez - vamos, a gente come no carro - pegou seu lanche, duas garrafinhas de suco, eu peguei o meu também e fui a acompanhando até a sala - tem que ligar pro pessoal da decoração do quarto
Eduarda: meu Deus, ainda tem isso - coloquei a mão na testa - eu to começando a ficar com medo
Ester: fica calma filha, vai dar tudo certo - eu assenti, ela pegou as malas, peguei nossas bolsas e saímos de casa, ela falou com o Victor, que já abriu as portas de trás do carro pra nós entrarmos, agradecemos, ele guardou nossas coisas no porta malas e entrou na frente, já dando partida - já avisei teu pai que estamos subindo tá - eu assenti e fiquei pensando em tudo isso, então resolvi mandar mensagem pro Junior só pra ele estar ciente
▶️ Oi amor, ó, eu estou indo pra capital com a minha mãe, aquelas contrações voltaram e ela acha que o Henry já quer vir
▶️ Mas não se preocupa tá, estamos indo por precauçãoai caramba - disse ao sentir a dor (que agora veio com um intervalo um pouco menor) - nós vamos ficar em um hotel pra ser mais fácil de chegar até o hospital. Te amo
Depois de mandar os áudios pra ele, liguei na decoradora e informei que tinha possibilidade de eu entrar em trabalho de parto hoje e eles disseram que ok, estariam prontos se fosse necessário!

Junior on
Fiquei super feliz com a vitória do Paris e mais feliz ainda por poder homenagear o Henry mais uma vez com um gol. Fui com meus companheiros pro vestiário e fazendo graça com o Marquinhos e o Thiago
Thiago: para de ser otário - me empurrou depois de eu puxar a orelha dele e rimos
Marquinhos: chato pra caralho - riu e eu peguei minha toalha
Junior: tô feliz porra - eles riram e eu fui tomar uma ducha. Fui rapidinho antes que os outros caras do time viessem porque não to afim de ver marmanjo pelado não. Enrolei a toalha na cintura e fui até o armário que estavam minhas coisas - é que eu tô com saudade, saudade nível hard, daquelas que bate e invade, arde mais que mertiolate - cantei animado e peguei meu celular pra ver se tinha algo importante. Meu coração já disparou quando vi dois áudios da Eduarda. Abri logo e ouvi eles, porra, como ela não quer que eu me preocupe e logo depois praticamente grita de dor?! caralho, fiquei maluco. Sentei ali e respondi ela
▶️ Porra, difícil não ficar preocupado né mano! como você tá? vai me dando notícias por favor
▶️ E tá doida que vai ficar em hotel?! vai pro meu apartamento e fica lá, a chave tá liberada pra tu na portaria po, tu sabe disso
▶️ Vou ver o que eu consigo fazer aqui, mas não deixa de me falar nada! Amo vocês

Thiago: qual foi Ney? - tirou minha atenção enquanto eu vestia a cueca por baixo da toalha e com o pensamento na Duda e no Henry, será que meu filho vai nascer?
Junior: a mãe da Duda tá achando que o Henry vai nascer, ela tá indo pra São Paulo - disse vestindo a calça do Paris
Thiago: e agora mano?
Junior: sei lá, preciso falar com o meu pai - vesti a camiseta e já coloquei o tênis na velocidade da luz, botei o boné na cabeça e me afastei um pouco da barulheira do pessoal pra falar com o meu pai, ele atendeu e eu já disse que precisava ir pro Brasil, queria o jatinho porque mesmo sendo poucas horas, ainda assim chegaria mais rápido do que num avião “normal”
Neymar: e se for alarme falso Juninho?
Junior: pai, não é, eu sei que não é, preciso ir pro Brasil, por favor
Neymar: você sabe que vai ter que pegar dois né
Junior: sei, mas é mais rápido do que um voo comum, agiliza isso pra mim pai, devo chegar em Paris umas sete e pouco, aí arrumo minhas coisas e vou pro aeroporto de novo
Neymar: tá, vou ver isso pra você e te mando as informações
Junior: beleza, obrigado
Neymar: te amo
Junior: te amo - desliguei e juntei minhas coisas ali super rápido
Thiago: vai pro Brasil mesmo?
Junior: tenho que ir irmão
Marquinhos: vai nascer mesmo? - Thiago correu com a notícia
Junior: caralho! - olhei pro Thiago e rimos - acho que sim Marcola - olhei meu celular pra ver se a Duda tinha falado mais alguma coisa e não tinha nada. Fiquei ali tentando me distrair com os caras e depois fomos pro ônibus que nos levaria pro aeroporto.
Embarcamos pra Paris e a Duda tinha me tranquilizado um pouco quando disse que iria sim pro meu apartamento e que as dores tinham cessado um pouco [...] cheguei em Bougival depois de pegar meu carro no ct e voar pra casa. Entrei e tinham algumas malas ali no chão da sala, Gil e Jota estavam arrumados - vocês vão comigo?
Gil: claro mofilho, nosso mascote - eu ri batendo na mão deles
Junior: já desço - subi correndo e arrumei minhas coisas super rápido, não precisei de muito porque lá no Brasil tem bastante coisa minha. A Duda avisou que tinha chegado no meu apê e eu saí de casa com os meninos e o Jaca que chegou depois e nos levou até o aeroporto. No Brasil o traslado seria com o bigode. Embarcamos e eu já me preparei pras 8, 9 horas mais demoradas da minha vida.
Junior off

Como o Junior pediu e eu nem lembrava desse detalhe, eu e minha mãe viemos pro apartamento dele aqui em São Paulo. As dores haviam cessado um pouco mas aparentemente vão voltar logo e isso só me faz acreditar na fala da minha mãe. Mas isso também me preocupa, estou com medo de não conseguir
Ester: toma - me entregou um copo com água e eu agradeci - você falou com a Patricia?
Eduarda: falei, ela já falou com o pessoal do ProMatre
Ester: e a decoração?
Eduarda: se a gente for mesmo pro hospital eles já vão em seguida - ela assentiu - aai - falei alto e fechei os olhos tentando controlar a respiração nesses 30, 40 segundos de dor - eu não vou aguentar não - a olhei negando com a cabeça
Ester: claro que vai, você é forte filha
Eduarda: não tenho tanta certeza assim não - ri, quem me entende? o tempo foi passando e vinte minutos depois eu senti a contratação de novo - caralho! - disse entre os dentes e apertei a almofada que havia ao meu lado
Ester: filha, vai pro banheiro, deixa a água quente ir caindo nas suas costas - a olhei e meus olhos encheram de lágrima, está acontecendo - fica calma tá, eu tô com você e vai dar tudo certo - estendeu a mão pra mim e me ajudou a levantar
Eduarda: eu não queria que ele nascesse sem o Junior estar aqui - algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu não sei se por querer o Junior aqui ou pela dor
Ester: filha, vai ser tudo no tempo de Deus - peguei meu celular e assenti enquanto íamos pro quarto do Júnior - quer tomar banho de banheira?
Eduarda: é melhor né - ela assentiu
Ester: vou preparar - eu me sentei na cama e por incrível que pareça, tinha o cheiro dele ali
Eduarda: a mamãe vai respeitar seu tempo, filho - disse passando as mãos na barriga e minha mãe voltou pro quarto
Ester: vou pegar um top na tua mala - foi na direção da porta
Eduarda: eu acho que tem aqui no closet do Júnior - ela me olhou - na primeira gaveta do canto esquerdo - ela assentiu e foi pro closet. A dor nas costas estava voltando e eu só pedia pra Deus me deixar suportar
Ester: vem - me ajudou a levantar - você tá com dor né?!
Eduarda: nas costas, mas por enquanto tá dando pra aguentar - entramos no banheiro e eu me despi, colocando o top com a ajuda dela em seguida. Ela também me ajudou a entrar na banheira e eu me acomodei ali, como a água estava bem quente, a dor nas costas foi amenizando mais um pouco. Estava de olhos fechados e ouvi a campainha tocar
Ester: deve ser teu pai - eu assenti e ela levantou pra ver. Pela minha cabeça só passava a possibilidade de eu ter o meu filho sem o Junior estar no Brasil, eu não queria. Comecei a sentir contração de novo e tentei manter a calma, já que ela veio menos forte por conta da água quente
Cadu: como você tá? - perguntou entrando ali e eu até me assustei
Otávio: oi filha - apareceu ali também
Eduarda: oi gente - sorri - eu tô indo, tá difícil - ri fraco
Otávio; vai dar tudo certo - deu um beijo na minha testa
Cadu: fica calma tá - segurou minha mão e algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto - a gente tá aqui - passou a mão no meu cabelo e eu assenti. O Cadu sentou no banquinho ao lado da banheira e continuou segurando minha mão
Otávio: tá doendo? - eu neguei com os olhos fechados e do nada veio mais uma contração, dessa vez super forte
Eduarda: puta que pariu - pressione os lábios e respirei fundo enquanto apertava a mão do Cadu
Cadu: eita porra, pra ela falar palavrão é porque tá foda mesmo - disse olhando pros meus pais e eu acabei rindo
Otávio: não é melhor ir pro hospital? - perguntou a minha mãe
Ester: não adianta amor, a Patrícia já nos passou as instruções, a Duda ainda tá com contrações de intervalo muito grandes
Eduarda: que horas são?
Cadu: cinco pras cinco - disse depois de olhar o relógio. Eles ficavam tentando conversar comigo e me distrair, até eu sentir outra contração
Eduarda: eu não vou aguentar - comecei a chorar
Ester: tenta ficar de joelhos Duda, eu vou ligar pra Patrícia - eu me ajoelhei com a ajuda do Cadu e apoiei os braços na borda da banheira
Otávio: respira fundo filha, não fica nervosa
Eduarda: como que eu não vou ficar nervosa com essa dor? - falei entre os dentes e ele começou a jogar água nas minhas costas enquanto o Cadu segurava minhas mãos. É maravilhoso saber que tenho eles comigo e me dando toda ajuda, mas falta alguém, falta o Júnior - quanto tempo? - perguntei ao Cadu e ele olhou o relógio
Cadu: dez minutos - eu assenti
Ester: falei com ela - disse entrando no banheiro novamente - ela disse que se você não aguentar mais a gente pode te levar porque lá você tem maior assistência - eu assenti de olhos fechados já que a dor nas costas havia voltado - ó, Junior ligando - mostrou o celular dela - oi Junior - disse após atender - sim, o Cadu e o Otávio também chegaram aqui, estamos tentando ajudar ela - me olhou - ela tá com dor, tá sofrendo um pouco - um pouco? - mas vai dar tudo certo - sorriu - ah, que bom, tá ok então, eu vou passar pra ela, beijo - sorriu, eu sequei minhas mãos na toalha que tinha no colo do Cadu e peguei o celular
Eduarda: oi amor - disse já com vontade de chorar
Junior: como você tá?
Eduarda: tá doendo - minha voz embargou - mas eu tô bem, eles estão me ajudando
Junior: fica calma tá, vai dar tudo certo
Eduarda: eu queria você aqui - não consegui segurar e comecei a chorar
Junior: amor, fica calma por favor, eu tô no jatinho, eu vou estar aí
Eduarda: eu tenho medo de não conseguir - quase não consigo falar de tanto que estava chorando
Junior: Du, me escuta, você vai conseguir sim! eu não tô aí com você mas sua família tá e eu sei que eles vão te ajudar muito nisso, não se preocupa com a minha presença aí, meu coração tá contigo
Eduarda: mas eu queria - não consegui terminar de falar
Junior: eu também queria estar aí te dando força, mas tá tudo bem, eu vou chegar e mesmo se não for a tempo de ver ele nascendo já vai ter valido a pena - eu fiquei em silêncio tentando me acalmar - fica tranquila, pelo bem do nosso filho - ele ficou em silêncio por alguns segundos e eu podia jurar que ouvi ele suspirando como se estivesse chorando - você é forte tá e vai conseguir fazer isso
Eduarda: te amo
Junior: eu te amo muito! - disse firme - vai ficar tudo bem - eu senti outra contração e me segurei pra não gritar e acabar assustando ele, então passei o celular pra minha mãe de novo
Ester: oi - falou com ele - ela sentiu outra contração aqui - continuou falando com ele e eu nem ouvia mais porque me concentrei só no meu filho. Quando ela desligou eles me ajudaram a sair da banheira, já que a água estava esfriando. Eu me sequei, meu pai e o Cadu saíram do banheiro e minha mãe me ajudou a colocar outro top e uma cueca do Júnior
Cadu: tá melhor Du? - perguntou quando voltamos ao quarto e eu assenti sem convicção nenhuma, não sabia mais o que era dor e o que era psicológico
Ester: deita um pouco, tenta descansar - ajeitou a cama e meu pai me ajudou a deitar - quer mais travesseiro? - eu neguei e virei de lado - se sentir dor me avisa
Eduarda: você vai saber - disse sem humor e ela riu
Otávio: quer comer alguma coisa Duda?
Eduarda: não pai, obrigada - eles foram pra sala mas sempre alguém vinha no quarto me ver. Eu tentei dormir mas estava sentindo uma cólica muito forte, então me concentrava em respirar fundo e conversar com o Henry. O tempo foi passando e as dores vinham com mais frequência. Estar em trabalho de parto sem ter expectativa nenhuma do momento em que ele de fato vai acontecer é horrível
Ester: tudo bem aí? - eu assenti com os olhos cheios de lágrimas - deixa eu te fazer uma massagem - como eu estava de lado na cama, ela se sentou atrás de mim e ficou passando as mãos na minhas costas. Ajudava um pouco, mas já não surtia tanto efeito quanto no começo
Eduarda: que horas são? - a olhei de canto
Ester: vai dar sete horas - disse e eu fiquei em silêncio, tentando me conformar com o fato de eu estar em trabalho de parto (segundo minha mãe e a Patrícia) a quase quatro horas
Eduarda: puta merda - senti uma dor muito forte e apertei a mão da minha mãe enquanto ela passava a mesma pela minha barriga
Ester: filha, se você não estiver aguentando a gente vai pro hospital
Eduarda: não vai adiantar nada, prefiro sofrer aqui - ela ficou em silencio - marca aí a hora dessa - me referi a contração
Ester: respira fundo que vai dar tudo certo, pensa positivo e seja forte
Eduarda: eu tô tentando, mas não me preparei pra tudo isso, é difícil
Ester: eu sei filha, mas é por um bom motivo, daqui a pouco a gente vai ter o Henry aqui - meus olhos encheram de lágrimas e eu fiquei em silêncio
Eduarda: ai caramba, meu Deus do céu - era uma cólica muito forte e o fato de durar só alguns segundos só piora tudo porque aí dói o que poderia doer por horas - não dá mãe - neguei com a cabeça e deixei algumas lágrimas caírem
Ester: anda um pouco pra ver se diminui o intervalo, esse foi de quatro minutos
Eduarda: me ajuda aqui - ela se levantou e deu a volta na cama, me ajudando a levantar
Ester: vem devagar - me deu a mão e fomos indo pra sala, os dois nos olharam
Otávio: vai pro hospital? - pulou do sofá e eu ri fraco
Eduarda: não pai, vou andar pra ver se ajuda - ele assentiu e se sentou de novo
Cadu: que susto - minha mãe riu e foi andando comigo pelo apartamento
Eduarda: ai caramba, espera - falei alto porque a dor foi um pouco mais forte que as outras
Ester: respira - eu respirava devagar mas de nada estava adiantando
Eduarda: isso dói demais, não dá - neguei com a cabeça e fiquei parada enquanto as lágrimas escorriam no meu rosto
Cadu: dá pra ficar te vendo assim não mano - negou com a cabeça e foi indo pra varanda, eu ri fraco e respirei fundo
Otávio: quer ir pro hospital? - chegou ao meu lado e passou a mão nas minhas costas, eu neguei
Ester: ela não vai querer ir, tá morrendo de medo do Henry nascer e o Junior não estar aqui - eu fiquei em silêncio - você ta aguentando? - eu fechei os olhos e assenti
Eduarda: inferno! - dei um soco no aparador ali do lado quando senti outra contração
Otávio: fica calma Duda - eu respirei fundo e não estava aguentando mais, ou eu saia daqui ou eu ia surtar
Eduarda: não dá, eu quero ir pro hospital - neguei com a cabeça e voltei a chorar
Ester: eu vou pegar seu vestido no quarto, senta um pouco - eles me ajudaram a sentar e ela foi até o quarto
Cadu: o que foi? - veio da varanda e me olhou preocupado
Eduarda: vou pro hospital - minha mãe veio com o meu vestido e me ajudou a colocar. O Cadu pegou minha bolsa e minha mala e nós saímos do apartamento. Descemos de elevador e fomos os quatro pro carro do meu pai. O Victor foi acompanhando atrás com o carro da minha mãe e no caminho ela ligou pra Patrícia pra avisar que estávamos indo, também ligou pro pessoal da decoração do quarto.








A intenção era fazer tudo em um capítulo só, mas minha proposta de chegar o mais próximo da realidade (de algumas gestantes) me impediu disso, já que quis retratar o sofrimento da Duda com detalhes. Vocês gostam assim ou um espirro e nasceu já tá bom? O da Duda está sendo literalmente um trabalho de parto. Mas enfim, aguardem que até sexta eu venho com o pequeno pra vocês. Será que o Júnior chega antes do Henry vir ao mundo? 👀

Vai ser até sexta porque amanhã vou ficar responsável pela minha avó, então é atenção total com ela. Aliás, a quem se interessar, ela não fez a cirurgia, o médico "abriu" ela e constatou que seria perigoso pelo fato do câncer ter se transformado em metástase, ter se espalhado e estar colado na coluna e no intestino. Ou seja, é rezar pra Deus fazer um milagre ou curtir ela enquanto essa doença maldita não toma conta de tudo 😔


Obrigada pelos comentários e pela força que vocês têm me dado. Amo vocês, beijos 😘💛 

28 comentários:

  1. pela lógica não daria pra ele chegar a tempo de ver o Henry nascer, mas na história é tudo diferente né

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    1. Depende, cada mulher reage de um jeito já vi trabalhos de partos durarem mais de 24 horas

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  2. Eu me emocionei bastante pois eu vivi isso, foram 7h e 15 minutos sofrendo e falando que iria morrer e minha mãe ao meu lado me danso apoio e dizendo que eu era forte enquanto eu dizia que era fraca demais para aguentar... Você está indo pelo caminho correto e o trabalho de parto dela poderia durar bastante pois aí o Júnior conseguiria chegar, pegar uma parte e ajudá-la também

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  3. Ai ansiosaaaa pelo baby

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  4. Nati força pra sua vó e sua família no final tudo vai dar certo
    Ansiosa pro nascimento do henry 💙💙

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  5. Acho que ele chega aos 48 do segundo tempo RS . Porém tudo pode acontecer , as vezes ele chega a tempo de cortar o cordão umbilical kkkkk . Seria diferente das outras fics ele não ver o filho nascer porém chegar pra cortar o cordão kkkk

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  6. Que Deus faça o melhor pra sua vó meu bem , que a vontade dele prevaleça 🙏

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  7. Legal também seria se o Júnior chegasse quando ele tiver nascido e ouvir o primeiro chorinho

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  8. #HENRYTÁCHEGANDO já tô ansiosa pro próximo, eu amei o capítulo, ficou incrível!!!
    Te desejo toda força e muita fé, Deus sabe de todas as coisas e agi da melhor maneira, continue acreditando e vivendo os momentos com ela! ❤

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  9. PAPAI ENEJOTA TEM QUE CHEGAR LOGO, PELO AMOR DE DEUS 😂

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  10. Gostei desse jeito , detalhado que vc colocou, mostrando a realidade de muitas gestante, em trabalho de parto, e o Júnior tem que chegar a tempo pfr 🙏🏽, mais também se ele não chegar a tempo,de ver o Henry,nascendo , já vai ter válido a pena ele vir pro Brasil ( como ele mesmo falou)

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  11. Acho que ele chega a tempo de ver o Henry nascer, adorei o jeito que tu escreveu bem realista, continua

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  12. Meu Deus! Que capitulo, fui me emocionando com cada momento do trabalho de parto da Duda...e acho que ele chega a tempo de ver o Henry nascer...Henry vai esperar pelo papai 😍😍😍
    Ansiosa pra chegada do papai e do Henry😍

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  13. Eu tô e muito emocionada, que isso.
    PERFEIÇÃO!!!! Simplesmente: incrível.
    Parabéns meu amor, você arrasou.


    Eu desejo muita força, e muitas orações. Tenha certeza, que tem uma roda de orações em volta de vocês.

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  14. Confesso que meu olho tá todo lacrimejando, aaaii ❤️
    Ansiosa demais pelo próximo, tive a sensação de está com a Duda nesse momento, nossa.. magnífico ❤️
    Continua lindaaa, forças pra vocês!! Tenho fé que vai dar tudo certo.

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  15. Sobre trabalho de parto minha irmã ficou 23 horas sofrendo e eu acho que é uma das primeiras fics que retratou bem a realidade, capítulo bem escrito e bem desenvolvido se tratando do parto gostei muito é sofri junto.

    Que Deus fortaleça vc sua família e que venha muitos anos de vida para sua vózinha e que o milagre aconteça.♥️

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  16. Meu Deus do céu, a cada lida que eu dava, meu desespero e o nervosismo eram maiores. Tadinha da Duda nesse momento de dor. Ansiosa demais pro próximo, espero muito que o NJ chegue a tempo de ver o filho nascendo. Forças pra vocês Nati, tenha fé que tudo vai dar certo. Deus é bom e justo ❤️

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  17. Esá simplesmente perfeito, cada detalhezinho é importante, e é normal Trabalhos de parto demorar horas então tomara que o Júnior chegue a tempo e veja o trabalho de parto e ajude ela, com ele junto ela ficará mais calma
    #VemHenry 💙💙💙

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  18. Emocionadaaaaaa demais
    Eu tô em lágrimas, prevejo que irei chorar muito com o próximo, você arrasa meu amor. Arrasa ❤️❤️❤️
    Obrigada por postar ❤️
    Fiquem bem ❤️ tenho fé no milagre que irá acontecer

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  19. que amor de capítulo, aiiii
    continua amor

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  20. Vem Henry q estamos todas te esperando 😍🥰

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  21. Que o junior consiga chegar a tempo, continua ❤️

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  22. Mat com certeza, eu prefiro um capítulo assim, por que acompanhamos tudo e sabemos pelo que ela está passando, tomara que dê tempo do Júnior chegar e acompanhar o nascimento do Henry, já estou ansiosa por isso!! 😍😍

    Sobre a sua vó, sei que é difícil mas que seja feita a vontade de Deus, pq a vontade dEle é boa, perfeita e agradável!! Curta bastante os momentos com a sua vó 😘❤️

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